Correspondente jurídico: o que é e como se tornar um?
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Violência doméstica precisa de um olhar atento durante a pandemia. Isso porque, 96,6% das vítimas desse tipo de crime são mulheres que sofreram alguma retaliação por conta de seus parceiros íntimos. Além disso, o público feminino representa 58,8% das pessoas que sofrem violência familiar.
Os dados fazem parte de uma pesquisa da médica e professora da Ulbra, Angelita Maria Ferreira Machado Rios, em parceria com alunos do curso de Medicina na disciplina de Medicina Legal e o Departamento Médico-Legal de Porto Alegre/Instituto Geral de Perícias-RS.
O resultado do trabalho, intitulado “A avaliação forense de casos de violência doméstica durante o início do isolamento pela pandemia da Covid-19”, tem como objetivo apresentar ao estudante de Medicina, dos anos iniciais, a importância em desenvolver o olhar para a detecção precoce de casos de violência contra os grupos vulneráveis e que acabam contribuindo para a cronicidade de muitas doenças físicas e mentais passíveis de tratamento.
Com o agravamento da pandemia de Covid-19 em março de 2020 no mundo todo, diversos estados e cidades do Brasil adotaram medidas de isolamento social com o objetivo de minimizar a propagação do vírus. Necessária para conter a infecção, o distanciamento social também mostra um efeito colateral com graves consequências para milhares de mulheres em situação de violência doméstica no país.
O trabalho analisou entrevistas de 47 pessoas vítimas de violência doméstica, entre abril e maio de 2020. Além dos índices, o estudo também revelou que o problema afeta uma camada vulnerável na sociedade, como por exemplo idosos e crianças.
A discriminação com mulheres é uma questão que existe há muito tempo, e percebe-se que sempre foi ignorada ou minimizada. No entanto, a violência é tão enraizada que, infelizmente, se reproduz quase que de forma automática em nosso país. Os crimes de feminicídio, que a cada dia mais se evidenciam, podem ser considerados o resultado final e extremo de uma série de violências sofridas.
A pesquisa aponta para um cenário onde, com acesso limitado aos canais de denúncia devido ao isolamento, pode haver uma queda de registros de crimes relacionados à violência contra as mulheres, sucedidos pela redução nas medidas protetivas e pelo aumento da violência letal.
Segundo o artigo, essa mesma situação não ocorre quando se trata da violência contra crianças, onde a intervenção de vizinhos, amigos ou professores é relevante para denunciar abusos.
Para a pesquisadora, o trabalho trouxe grandes experiências para toda a equipe. “Realizar essa pesquisa foi muito gratificante por participar do entusiasmo dos alunos em desenvolver um trabalho envolvendo uma temática difícil e atual. A produção do artigo envolveu o esforço de todos os integrantes do grupo nas diversas fases: levantamento bibliográfico, análise dos dados, correção e tradução para outro idioma”, explica Angelita.
O artigo pode ser conferido aqui.
O projeto de extensão da universidade, Acolhimento Lilás, promove rodas de conversa e oficinas voltadas ao esclarecimento sobre as múltiplas formas de violência, em especial aquelas que acometem meninas, jovens e mulheres.
São intervenções descentralizadas que se justificam frente ao acentuado número de casos divulgados na mídia e também pela necessidade de formação de recursos humanos para atuação intersetorial nos equipamentos da rede de serviços previstos em lei.
A ideia é fomentar espaços de reflexão e crítica sobre a violação de direitos humanos de meninas, jovens e mulheres e, ainda, capacitar os participantes no enfrentamento dessa questão social.
Publicado em 2 de julho de 2021, por Equipe Ulbra
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